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domingo, 22 de agosto de 2010

Ouros de Eldorado: Arte Pré-Hispânica da Colômbia

Esta exposição superou em muito minhas expectativas, pois pelas fotos fornecidas pela assessoria de imprensa do evento e as colhidas na internet não mostram a sua grandiosidade.

Tive sorte em vê-la em seu penúltimo dia, pois por uma sucessão contratempos só a vi ontem.

Além de apreciar os magníficos trabalhos apresentados, que demonstraram uma técnica muito avançada para época em ourivesaria e metalurgia, comecei a refletir em quais direitos divinos os conquistadores espanhóis se basearam para subjugar, escravizar, dilapidar e impor suas crenças, destruindo assim as civilizações que habitavam as Américas.

Cheguei a conclusão de que os torpes motivos não eram mais do que a ganância, travestida do desejo de evangelização dos "selvagens".

O difícil é aceitar que até hoje os homens não mudaram, agindo do mesmo modo por todo o mundo, quando não é por interesse econômico é para tentar impor sua "verdade", querendo que os povos ajam dentro de suas conveniências e crenças.

Escolhi a música El condor passa, apesar de ser peruana, é antes de tudo andina, que representa bem os gostos e costumes daquela região.



El condor Pasa

Abaixo das imagens fornecidas pela assessoria de imprensa do evento, o "press-release" dos curadores.













Ouros de Eldorado: Arte Pré-Hispânica da Colômbia

A Pinacoteca do Estado de São Paulo apresenta a exposição Ouros de Eldorado: Arte Pré-Hispânica da Colômbia com 250 artefatos de ouro e 40 objetos arqueológicos de cerâmica e outros materiais que evidenciam a diversidade e as técnicas metalúrgicas criadas pelos antigos habitantes indígenas da região que hoje corresponde à Colômbia. Todas as obras integram o acervo do Museo del Oro del Banco de la Republica – Colômbia, a mais importante coleção do gênero no mundo.
Segundo Marcia Acuri, assessora cientifica da mostra, o ineditismo da exposição se dá por ela referenciar a diversidade étnica e cultural dos povos que ocuparam a antiga região da Colômbia e a importante relação estabelecida entre eles e tantos outros grupos indígenas das terras baixas da América do Sul, sobretudo as interações entre povos que ocuparam preteritamente a Amazônia Ocidental.
A exposição divide-se em temas conforme descrito abaixo. Além disso, serão exibidos filmes que demonstram os diferentes processos de ourivesaria.


Gente Dourada
Gente Dourada lembra a origem do termo El Dorado, atribuído primeiramente pelos
conquistadores espanhóis ao personagem central de um ritual em que o chefe indígena,
coberto por ouro em pó, lançava objetos preciosos ao fundo de uma lagoa, como oferenda às divindades. Foi a partir desta observação que surgiram alguns mitos relativos a uma suposta "cidade de ouro", tema que deu origem, inclusive, a uma série de produções cinematográficas de temas de aventura e fantasia. A “gente dourada” foi representada em uma infinidade de formas pelos ourives da Colômbia pré-hispânica, por meio de máscaras, peitorais, narigueiras e pingentes. Um dos destaques deste núcleo é o Peitoral em forma de coração feito de ouro martelado e repuxado, proveniente do Vale de Calima, Período Yotoco (c. 200 a.C. – 1300 d.C)

A Gente dourado e os animais fantásticos
Com ouro, cobre e tumbaga, uma liga feita a partir daqueles, e utilizando uma variedade de técnicas com as quais exploraram até os limites a plasticidade, a condutibilidade e a maleabilidade destes metais, os ourives pré-hispânicos construíram um universo visual multiforme e multifacetado. Seus temas principais são a figura humana, os animais, as formas geométricas e a combinação de todos eles. As formas vegetais são curiosamente escassas. A interpretação plástica da “gente dourada”, os “animais fantásticos” e as formas geométricas variam de uma área geográfica a outra e de um tempo a outro. Este é o que permite falar de estilos na ourivesaria pré-hispânica. Estilos que são testemunho da vitalidade e diversidade de
suas respectivas culturas.

Animais Fantásticos
A variada fauna da Colômbia, país de grande diversidade de climas e ambientes naturais,oferecia ao ourives pré-hispânico uma fonte inesgotável de inspiração. Serpentes, rãs,morcegos, aves, veados, jaguares, lagartos, caracóis de incontáveis espécies, formam parte da fauna dourada. Cada um dos animais representados tinha, sem dúvida, poderosas associações simbólicas para o homem pré-hispânico. Mas o ourives não foi insensível à riqueza de suas formas, texturas, ritmos e cores. Criou sua própria zoologia fantástica, na qual o real seconfunde com o maravilhoso.

O homem animal
São freqüentes, na ourivesaria pré-hispânica, as figuras que combinam traços humanos com traços de animais. Há homens-jaguar, homens com cauda de macaco, homens-peixe, e
sobretudo, homens-ave, nos quais as pernas humanas se convertem em cauda, e os braços
em asas. Os etnógrafos viram nessas figuras, distintas transformações do xamã, ou chefe religioso com poderes sobrenaturais, para explicar e organizar o cosmos. Atualmente, entre os indígenas, o xamã aparece na forma de alucinações em distintas dimensões do universo, e, em seu vôo estático, pode ver e decifrar tudo. As peças expostas neste módulo são como esfinges,cheias de segredos. Mas, sobretudo, são provas da prodigiosa capacidade de seus criadores para combinar formas em um todo equilibrado e maravilhosamente sugestivo aos olhos de quem as contempla.

Abstração e natureza
Na ourivesaria pré-hispânica da Colômbia não existe antagonismo entre a representação
“abstrata” e a representação “naturalista”. Cada peça é uma conjugação de formas que evoca sempre o que captam os sentidos, e sempre o ideal, o que não adquire realidade maior do que na obra de arte. Mesmo nas peças mais “abstratas” há referências diretas à experiência sensorial. Mas também, em todas as figuras, mesmo nas mais “realistas”, há certo grau de independência do mundo real alcançada por meio de esquematizações, distorções e combinações imaginárias. O resultado é uma síntese coerente e equilibrada de forma e conteúdo em que tudo pode ser abstrato e, por sua vez, tudo pode ser figurativo.

O universo das formas
O ourives pré-hispânico construiu um universo visual de imensa riqueza a partir de elementos sempre presentes na expressão artística: a linha reta, o círculo, o quadrado, o triângulo, a espiral, e suas combinações, deformações, reinterpretações e suas projeções no espaço. Tal universo integra o natural e o sobrenatural, o sagrado e o profano, o homem e o animal, a alma e o corpo, o abstrato e o figurativo, a natureza e a cultura, o ouro e o cobre.

A metalurgia e as sociedades pré-hispânicas
Quando os ourives pré-hispânicos da Colômbia elegeram os materiais, as técnicas de
manufatura e a organização da produção, o fizeram não apenas sob a influência de
requerimentos técnicos, senão também, e principalmente, por fatores culturais e sociais.
Enquanto no ‘Velho Mundo’ a metalurgia esteve ligada à economia, à agricultura e À guerra, na América pré-hispânica ela nasceu do viés do pensamento religioso e das elites do poder. As técnicas de elaboração, formas e usos dos objetos de metal foram símbolos que dotavam a vida ritual e cotidiana de sentido. Na Colômbia, a arte de trabalhar os metais esteve favorecida pela riqueza aurífera de seus rios e cordilheiras. Ouro, cobre e prata foram os metais usados na época pré-hispânica. A mineração de aluvião com veios de cerâmica ou de madeira foi a mais usual. Outras vezes, foram construídos diques e canais para desviar as águas e lavar os materiais das praias. A mineração de veta se praticava abrindo buracos estritos nas colinas,
perto de riachos que facilitavam a lavagem do ouro.

A ourivesaria pré-hispânica da Colômbia
A metalurgia sul-americana surgiu na serra central do Peru, cerca de três mil e quinhentos anos atrás. Na região da Colômbia atual, as origens da metalurgia remontam ao século IV a.C.,período em que habitram sociedades com um amplo domínio do trabalho de metais. Durante estes dois mil anos de desenvolvimento metalúrgico na Colômbia – interrompidos com a conquista espanhola, em 1.500 d.C. – surgiram diversos estilos que combinaram técnicas complexas com diferentes ligas metálicas. Esta riqueza artística e tecnológica sustentou-se em uma prosperidade econômica que permitiu a uma parte da população dedicar-se à ourivesaria.

Martelamento
Os ourives materializaram sua destreza e seu conhecimento sobre as características físicas e químicas dos metais na grande diversidade de técnicas de manufatura usadas. Uma delas foi o martelamento. Para obter lâminas os ourives golpeavam tejuelos sobre lajas ou bigornas de pedra. Utilizaram martelos de distintas formas, materiais e tamanhos, de acordo com as necessidades de trabalho requerido. Ao ser martelado, o material se torna quebradiço e tende a fraturar-se: os ourives deviam aquecê-lo até o ponto vermelho vivo e esfri-á-lo submergindo em água. Este processo, o recocido, que se repetia muitas vezes, permitia seguir golpeando a lâmina até obter a espessura e tamanho desejados. As formas dos adornos martelados e outros objetos eram alcançadas por meio do recorte das lâminas com cinzeles de pedra ou metal. Com puzones e repuxadores realizavam os desenhos que adornariam as lâminas.

Fundição por cera perdida
Utilizando moldes feitos de cera, os ourives criaram uma grande variedade de objetos:
representações realistas ou abstratas, finos tecidos metálicos ou pesados adornos, objetos com volume, simples ou cheios de detalhes. A cera era obtida das colméias de abelhas sem ferrão (Tetragonisca angustala), ou abelhas angelita, originárias das Américas.
A cera era modelada na figura desejada e em seguida se acrescentava tubos feitos do mesmo
material, pois uma vez derretida a cera, eram formados ductos por onde correria o metal fundido. A figura modelada em cera era coberta por uma capa de argila, para formar o molde.
Uma vez molde seco e enrijecido, o molde era aquecido para derreter e extrair a cera, deixando oca a forma no interior do molde de argila. O metal líquido se almodava rapidamente no interior da figura, tomando assim a forma do modelo. Uma vez esfriado o molde, este era rompido para extrair a peça metálica. Os ductos eram cortados e os defeitos corrigidos, dando acabamento ao objeto.

Dourado por oxidação
A cor foi uma das propriedades mais apreciadas entre as sociedades antigas e exerceu um papel primordial no desenvolvimento de suas tecnologias. Para controlar as cores, os ourives usaram diversas ligas e sofisticados processos de acabamento que aportavam novas tonalidades e contrates nas superfícies.
A tumbaga, uma junção de ouro com cobre, foi a liga mais usada entre os ourives préhispânicos do território colombiano. Unindo o ouro com diferentes porções de cobre, os ourives produziram uma gama importante de tonalidades douradas, prateadas e avermelhadas.
Ao aquecer um objeto de tumbaga, o cobre presente na liga se oxida e forma na superfície uma mancha escura. Com ácidos vegetais como o chulco (Oxalis pubescens), o artesão removia o cobre oxidado até deixar uma fina camada superficial, rica em ouro, que era polida para alcançar um dourado intenso. Assim descobriam uma camada superficial dourada cada vez mais aparente, na medida em que se repetia o processo.

5 comentários:

  1. Maca,

    A verdade é que nunca fui muito interessado por mostras etnográficas.

    Mas esta exposição em SO me motivou a visitar esta, aqui pertinho de casa…

    http://www.wereldmuseum.com/exhibitions/incas,-capac-hucha.aspx

    Abraço

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  2. Obrigada, Macário, por me permitir ter contato com eventos tão significativos. Graças a vc e a Net posso entrar em contato com o belo e o maravilhoso, mesmo a longa distância. Impressiona-me essa mistura de elementos em nossa época. Ao mesmo tempo que cultuamos o efêmero, o descartável, o precário, temos o privilégio de ver peças produzidas, mesmo há séculos, com o metal mais durável e precioso, o ouro. É fantástica essa ida e vinda de valores, de estilos, de moda. Tolo quem defende um ou outro. Beijos

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  3. Arte Pre-colombiana

    Macário, muito legal essa exposição
    Vi um museu no Chile; Santiago de Arte Pré- colombina
    Fiquei encantado. Me chamou atenção o Erotismo das belas peças.
    Um hino ao Amor
    Fico pensando o que os colonizadores fizeram com nossa América
    Um massacre. Dizimaram uma grande civilização

    João da Mata

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  4. Menino que interessante, fiquei babando aqui, queria ver de perto! Fantástico.

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  5. nossa é muita informação sobre expozição...

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