Visualização de vídeos

Os vídeos e músicas postados neste espaço podem não ser visualizados em versões mais recentes do Internet Explorer, sugiro a utilização do Google Crome, mais leve e rápido, podendo ser baixado aqui.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

JULIO LE PARC

Com grande ansiedade fui a abertura desta mostra pois, pelo release, abaixo, percebi que o artista, transita entre duas escolas que sempre me encantaram, a Arte Cinética e o Concretismo.

O primeiro contato que tive com a arte cinética foi uma exposição de Jesus Soto no CCBB, me emocionou, mas o que sempre me instigou foi a arte concreta, já comentada aqui nos posts Audácia Concreta, Lothar CharouxSacilotto e Barsotti na BMF&BOVESPA e Amílcar de Castro, além da grata surpresa de Dionío Del Santo

Esta exposição nos apresenta somente uma pequena parte de seus trabalhos nas diversas técnicas em que ele cria suas obras. Como resumo de sua carreira, nos satisfaz plenamente pois mostra sua maestria em vários suportes, mas nos deixa a frustração do "quero mais".

Há pinturas, gravuras, esculturas com movimentos, montagens que provocam ilusões de ótica e três instalações, sendo que uma delas, magnífica, a sala com os espelhos pendurados, nos transcende provocando sensações inusitadas.



Buenos Aires Hora Cero - Astor Piazzolla


Abaixo das imagens, o "press-release", colhidos no site da assessoria de imprensa da Galeria Nara Roesler






GALERIA NARA ROESLER REALIZA MOSTRA RETROSPECTIVA
DO ARGENTINO JULIO LE PARC, UM DOS PIONEIROS DA ARTE CINÉTICA

‘Uma busca contínua’ inclui trabalhos lançados desde a década de 50
a obra inédita criada especialmente para a exposição em São Paulo
Com 85 anos recém-completados (seu aniversário foi no último dia 23 de setembro), o mestre da arte cinética Julio Le Parc ganha no Brasil uma retrospectiva dedicada exclusivamente à sua obra. A exposição Uma busca contínua, em cartaz na Galeria Nara Roesler a partir de 3 de outubro, apresentará um compreensivo conjunto de trabalhos produzidos pelo artista argentino nos últimos 55 anos, alguns dos quais em grande formato, além de uma instalação inédita concebida especialmente  para a ocasião. Com curadoria da venezuelana-americana Estrellita B. Brodsky, respeitada colecionadora, curadora e especialista em arte da América Latina, a mostra ocupará o jardim interno, o pátio e os 600 metros quadrados do andar térreo da galeria, onde, no próprio dia 3, às 17h30, ela e o artista participarão de uma conversa aberta ao público, com entrada franca.

Julio Le Parc, que no primeiro semestre levou mais de 170 mil pessoas à sua exposição no Palais de Tokyo, em Paris, cidade onde vive desde 1958, foi um dos criadores, em 1961, juntamente com Horacio García Rossi, Francisco Sobrino, François Morellet, Joël Stein e Jean-Pierre Vasarely (conhecido também como Yvaral), do Groupe de Recherche d’Art Visuel, melhor conhecido como GRAV (1960-68), coletivo de artistas ótico-cinéticos, cujo principal objetivo era estimular a interação do público com as obras. Indiferente às demandas do mercado e em busca de uma forma menos convencional de se fazer arte, o grupo apresentava suas criações em locais inusitados e até na rua. As obras e instalações de Julio Le Parc, constituídas primordialmente por jogos de luz e sombras, são fruto direto desse movimento, em que a produção de uma arte transitória e sem fins comerciais tinha uma clara conotação sociopolítica.

“Ao longo de seis décadas, Julio Le Parc buscou de maneira sistemática redefinir a própria natureza da experiência artística, trazendo que ele chama de ‘perturbações dentro do sistema artístico’. Ao fazer isso, ele brincou com as experiências sensoriais do público e deu aos espectadores um papel ativo”, explica a curadora. “Após a dissolução do GRAV, em 1968, Le Parc continuou se dedicando ao que chama de ‘uma busca contínua’ por uma experiência artística que nunca supõe ditar um efeito pré-determinado. Em vez disso, seu esforço é no sentido de provocar uma resposta espontânea do público”.

Apesar de seu papel fundamental na história da arte cinética, as telas, esculturas e instalações de Le Parc incluem questões relativas aos limites da pintura, por meio tanto de procedimentos mais próximos da tradição pictórica, tais como a acrílica sobre tela, quanto de assemblages ou aparatos mais propriamente cinéticos.

“Para Le Parc, o objetivo é exatamente a interrogação e a reestruturação do entorno imediato. Ele busca uma total cumplicidade que exige do espectador não somente participação ativa, mas também autorreflexão. Dessa forma, a prática de Le Parc vai além do mero espetáculo visual rumo a um envolvimento físico com o presente – a arte enquanto concepção humana, uma arte que não pode mais permanecer absoluta”, analisa Estrellita B. Brodsky.

Texto de Estrellita B. Brodsky, curadora da mostra “Uma busca contínua”, na íntegra:

Ao longo de seis décadas, Julio Le Parc buscou de maneira sistemática redefinir a própria natureza da experiência artística, trazendo o que ele chama de “perturbações dentro do sistema artístico”. Ao fazer isso, ele brincou com as experiências sensoriais do público e deu aos espectadores um papel ativo. Com seus colegas membros do Groupe de Recherche d’Art Visuel (GRAV) – um coletivo de artistas criado por Le Parc com Horacio García Rossi, Francisco Sobrino, François Morellet, Joël Stein e Jean-Pierre Vasarely (Yvaral) em Paris no ano de 1960 –, Le Parc gerou encontros diretos com o público ao desmontar o que eles consideravam ser as amarras artificiais das estruturas institucionais.[1] Como expresso em seu  manifesto Assez de mystifications [“Chega de Mistificação”, Paris, 1961], a intenção do grupo era encontrar maneiras de confrontar o público com obras de arte fora do ambiente museológico por meio de intervenções em espaços públicos com jogos subversivos, charges de cunho político e questionários bem-humorados.[2] Com tais  estratégias, Le Parc e o GRAV transformavam espectadores em participantes com maior autoconsciência, tanto alcançando uma forma de nivelamento social como antecipando algumas das estratégias relacionais e colaborativas sociopolíticas que vêm se proliferando ao longo das duas últimas décadas.

Após a dissolução do GRAV em 1968, Le Parc  continuou se dedicando ao que chama de “una  búsqueda permanente” (uma busca contínua) por uma experiência artística que nunca supõe ditar um efeito pré-determinado. Em vez disso, seu esforço é no sentido de provocar uma resposta espontânea do público. Movido por um ethos utópico arraigado,  Le Parc usa sua arte interativa ou imersiva como um laboratório social, produzindo situações imprevisíveis e estimulando de forma provocativa o envolvimento do espectador no processo de criação artística. Le Parc falou da função dual que tem sua obra, a de intervenção e a de crítica ao autoritarismo, em uma declaração de 1968: “Busco [busquei] criar ações práticas que se contraponham aos valores existentes…[para] criar situações… [que vão contra] qualquer tendência ao estável, ao durável e ao definitivo.” [Julio Le Parc, Guerilla culturelle, Paris, março de 1968].

A produção artística de Le Parc evoluiu de estudos geométricos bidimensionais, com pequenas caixas de luz, para instalações de grande porte, ambientes imersivos  e intervenções públicas na rua. No entanto, essa produção diversa tem em comum um função desestabilizadora central: provocar a interação do indivíduo com seu ambiente, exigindo, ao mesmo tempo, um reconhecimento daquele envolvimento. A obra de Le Parc chamada Sphère bleue (Esfera azul, 2001/2013) é um enorme globo de quatro metros de diâmetro composto por quadrados de acrílico azul transparente que parece estar magicamente suspenso no ar. A luz refratada na parte exterior da esfera inunda o espaço que circunda o globo com um azul vibrante. A experiência perceptiva que os visitantes têm da esfera oscila entre vê-la como algo que é transparente e impenetrável e, ao mesmo tempo, frágil e monumental; algo que distorce o que se vê além e cria a consciência de se estar vendo e sendo visto em um espaço comum recém-transformado.

Os componentes físicos das obras de Le Parc – folhas de material refletivo penduradas, esculturas enormes feitas de acrílico transparente, pinturas geométricas, estruturas de luz motorizadas, telas de metal distorcidas – são tão impressionantemente variadas quanto as próprias estruturas. O feito geral, no entanto, é criar um ambiente e uma impressão que alteram os sentidos e são, muitas vezes, desorientadores. Em esculturas como Cellule à pénétrer adaptée (Célula penetrável adaptada, 1963/2012) ou Formes en contorsion (Formas em contorção, 1971), Le Parc dá ênfase à mutabilidade da percepção. A fragmentação se torna inerente à apreensão de obras nas quais espelhos, luzes refletidas ou projetadas, diferentes tipos de óculos, jogos e interações físicas confundem os sentidos. Assim, perspectivas cambiantes criam um dinamismo interno ou uma instabilidade essencial por meio das quais Le Parc questiona a precisão subjetiva e os modos tradicionais de exibição que, de acordo com o que ele escreve em seu influente texto “Guerrilla culturel”, servem apenas para perpetuar estruturas sociais de dominação.

Com os mesmos objetivos, Le Parc também realizou pesquisas dentro da fenomenologia das estruturas por meio da pintura bidimensional, de superfícies planas animadas com permutas aparentemente ilimitadas de formas geométricas simples. Em estudos preparatórios e pinturas, Le Parc reduz e desloca esses elementos de acordo com um sistema predeterminado para criar uma pluralidade de composições sequenciais. Em suas “séries de rotações”, como Séquences de rotation (Sequências rotacionais, 1959) ou Rotation des carrés (Rotação de quadrados, 1959), sequências progressivas nas quais um leve deslocamento de um único elemento de um círculo ou quadrado em padrões reticulados tornam-se uma espécie de animação, comportando-se menos como pintura estática do que como um estado perpetuamente transitório. Em outro estudo, com tinta sobre papelão, Sur reticula (Sobre retícula, 1958), Le Parc demonstra como formas geométricas, círculos e retângulos, quando cortadas em pedaços, podem adquirir uma mobilidade que convida o espectador a imaginar movimento além da moldura em tempo real e sempre presente, porém fugaz.

Para Le Parc, o objetivo é exatamente a interrogação e a reestruturação do entorno imediato. Ele busca uma total cumplicidade que exige do espectador não somente participação ativa, mas também autorreflexão. Dessa forma, a prática de Le Parc vai além do mero espetáculo visual rumo a um envolvimento físico com o presente – a arte enquanto concepção humana, uma que não pode mais permanecer estática ou absoluta.

Biografia de Julio Le Parc

Nascido em 1928, em Mendoza, na Argentina, Julio Le Parc estudou na Escuela de Bella Artes em Buenos Aires, em 1943. Le Parc rapidamente se envolveu com a cena de vanguarda local, em pleno desenvolvimento, e com grupos ativistas de esquerda. Em reação à ditadura repressora de Juan Perón, o artista abandonou a escola e só retornou após a queda do ditador em 1955. Quando da sua volta, Le Parc teve um papel de liderança como artista-defensor ao se juntar à organização estudantil universitária Federación Universitaria Argentina, uma das maiores forças militantes de oposição ao governo.

A exposição de Victor Vasarely em Buenos Aires, em 1958, foi um importante catalisador da partida de Le Parc para Paris naquele mesmo ano. Com uma bolsa para de estudos, Le Parc realizou trabalhos em colaboração com artistas colegas de Vasarely e cofundou o Groupe de Recherche d’Art Visuel (GRAV), em 1960. Enquanto as primeiras pinturas geométricas de Le Parc receberam influência da tradição construtivista da Arte-Concreto Invención em Buenos Aires, os trabalhos criados logo após sua chegada em Paris também revelaram um crescente interesse pelo trabalho de Mondrian e Vasarely. No início dos anos 1960, Le Parc passou a incorporar movimento e luz à sua pesquisa. Interessado nas possibilidades do movimento, e na participação do espectador, ele desenvolveu seus característicos ambientes de luz e esculturas cinéticas, que vieram a lhe trazer reconhecimento internacional enquanto um dos maiores expoentes da arte cinética.

Representante da Argentina na Bienal de Veneza de 1966, Le Parc recebeu o Grande Prêmio Internacional de Pintura como artista individual. Apesar de o grupo ter se dissolvido em 1968, Le Parc continuou a trabalhar tanto como artista individual quanto como integrante de coletivos internacionais, particularmente dos que estavam envolvidos na denúncia política de regimes totalitários. A participação de Le Parc na revolta parisiense de Maio de 1968 e em comícios sindicais resultou em sua expulsão da França pelo período de um ano. Ao voltar para Paris, Le Parc se tornou um canal importante entre artistas ativistas latino-americanos e a cena artística de Paris, notadamente por meio da publicação parisiense ROBHO, para a qual ele cobria os eventos do coletivo de artistas Tucumán Arde na Argentina.

As obras de Le Parc ganharam diversas exposições individuais na Europa e na América Latina, em locais como o Instituto di Tella (Buenos Aires), o Museo de Arte Moderno (Caracas), o Palacio de Bellas Artes (México), a Casa de las Americas (Havana), o Moderna Museet (Estolcomo), Daros (Zurique), Städtische Kunsthalle (Dusseldorf). Além disso, integraram muitas outras exposições coletivas e bienais, entre as quais estão a polêmica The Responsive Eye (1965), no Museu de Arte Moderna de Nova York, a Bienal de Veneza, em 1966 (na qual recebeu o Prêmio), e Bienal de São Paulo (1967). Em protesto contra o regime militar repressor no Brasil, Le Parc se juntou a outros artistas no boicote à Bienal de São Paulo de 1969 e publicou o catálogo alternativo Contrabienal, em 1971. As obras coletivas realizadas posteriormente por Le Parc incluem a participação em movimentos antifascistas no Chile, em El Salvador e na Nicarágua.

Mais recentemente, a obra de Le Parc foi objeto de uma grande retrospectiva em 2013, chamada Soleil froid, no Palais de Tokyo, e apresentada na exposição coletiva Dynamo, no Grand Palais, em Paris.

Biografia de Estrellita B. Brodsky

Estrellita B. Brodsky foi curadora de exposições como Jesús Soto: Paris and beyond, 1950-1970, exibida na New York University Grey Gallery (Nova Iorque, EUA, 2012), e Carlos Cruz-Diez: (In)formed by Color na Americas Society (Nova Iorque, EUA, 2008). Em 2012, foi nomeada curadora adjunta de arte latino-americana da Tate (Londres, Inglaterra). Foi copresidente do Conselho de Curadores do El Museo del Barrio, em Nova Iorque, até 2003, onde organizou a exposição Taíno: Pre-Colombian Art and Culture of the Caribbean, em 1997. Lecionou sobre artistas latino-americanos no pós-guerra na Hunter College (Nova Iorque, EUA). Através de sua pesquisa, curadoria e coleção particular, Estrellita B. Brodsky desempenha papel fundamental na divulgação e consolidação de artistas latino-americanos no cenário internacional.

SERVIÇO
GALERIA NARA ROESLER
Av Europa, 655 – Jardim Europa
Tel: (11) 3063.2344

Julio Le Parc - Uma busca contínua

Curadoria de Estrellita B. Brodsky

De 3 de outubro a 30 de novembro
Abertura: dia 3 de outubro, das 19h às 23h
Horário da exposição: de segunda a sexta, das 10h às 19h / sábado, das 11h às 15h
Entrada franca

Conversa entre Estrellita B. Brodsky e Julio Le Parc: dia 3 de outubro, às 17h30
Entrada franca

Assessoria de imprensa
Canivello / Factoria Comunicação
Vanessa Cardoso – vanessa@factoriacomunicacao.com
Eduardo Marques – eduardo@canivello.com.br
Mario Canivello – mario@canivello.com.br
(21) 2274-0131 e 2239-0835





[1] Os artistas do GRAV, Julio Le Parc, Horacio Garcia Rossi, Francisco Sobrino, François Morellet, Joël Stein e Jean-Pierre Vasarely (conhecido como Yvaral), eram membros de um grupo maior conhecido como o Centre de Recherche d’Art Visuel antes de separarem, formando o GRAV, em 1960.

[2] Groupe de Recherche d’Art Visuel, “Chega de mistificações.” Panfleto distribuído durante a Segunda Bienal de Paris. Setembro de 1961.  Reproduzido em Yves Aupetitallot, ed., Stratégies de participation: GRAV—Groupe de Recherche d’Art Visuel, 1960-1968, trad. Simon Pleasance e Charles Penwarden (Paris: Centro de Arte Contemporânea de Grenoble, 1998), 71.

Nenhum comentário:

Postar um comentário