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sexta-feira, 25 de abril de 2014

A Pele de Vênus




Um grande filme, uma aula de interpretação, de direção de atores e quem sabe para os leigos como eu, uma pequena aula de teatro.

Com somente dois atores em cena, num teatro vazio após o fim de um dia de audições e testes de elenco, conta a história de Vanda, uma atriz aparentemente fútil e leviana, que tenta convencer ao diretor e também o autor (adaptador, segundo ele mesmo), que ela é a pessoa ideal para o papel.

Depois de alguma pavana ela consegue chamar-lhe a atenção ao começar a desfilar o texto com uma competência e intensidade surpreendentes, deixando-o em quase êxtase. Pois fora do texto, demonstra uma total ignorância aos fatos e nuances culturais, psicológicos e sociais do contexto.

No decorrer da trama, ela consegue influenciar todo o espetáculo, seja na adequação da iluminação das cenas, como, e o mais importante na melhoria do roteiro.

Com uma magnífica reviravolta e um final inesperado, é um filme que teria tudo para nos aborrecer, mas consegue nos entreter atá à última cena. Uma magnífica diversão.

De Roman Polanski com Emmanuelle Seigner e Mathieu Amalric, abaixo o trailer, colhido na internet.


quarta-feira, 16 de abril de 2014

A arte do Ukiyo-e – A tradição da gravura japonesa

Uma delicada exposição que nos mostra o ecletismo do Museu Afrobrasil onde são apresentadas gravuras tradicionais japonesas feitas ainda no século XIX. O rigor técnico e a profusão de cores nos transcendem quase até ao êxtase, nos prendendo a atenção e nos forçando a observar seus detalhes.

Há também a apresentação de quimonos e obis, complementando o assunto da arte japonesa, de uma suntuosidade inebriante, da elegância tradicional daquele povo.


Kyu Sakamoto - Sukiyaki 


Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Cultura. Observem que ele é uma aula sobre o estilo e a execução das obras.








Museu Afro Brasil abre exposições sobre a arte da gravura no Brasil e no Japão
Um raro acervo dos mestres do ukiyo-e compõe uma mostra sobre a tradicional arte da gravura japonesa no Museu Afro Brasil, no Parque Ibirapuera, a partir de 16 de abril. Com 42 trípticos e um políptico, a exposição “A arte do Ukiyo-e – A tradição da gravura japonesa”, tem curadoria de Emanoel Araujo e reúne trabalhos de Toyohara Kunichika, Utagawa Kunisada, Utagawa Yoshitora, Utagawa Kuniaki, Utagawa Yoshiiku, Fusutane, Tsukioka Yoshitoshi e Utagawa Hiroshige II.
Quarenta e três obras pertencentes ao colecionador e artista visual Roberto Okinaka, produzidas na década de 1860, durante a transição do poder dos samurais ao Imperador Meiji, oferecem um panorama da sociedade, da cultura e das tradições do Japão em estampas multicoloridas, de minuciosa realização artística. À montagem foram incorporados quatro quimonos e seis obis do acervo do Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social.
“A ‘pintura-brocado’, como se chamava a estampa multicolorida se estabelece pelos anos de 1750, na cidade de Edo (atual Tóquio), então sede do xogunato Tokugawa, e passa a servir um mercado editorial crescentemente ávido por novidades. A movimentação de palavra recitada, registrada em caligrafias inesperadas (livros e libretos de diversos gêneros), encenada (teatro kabuki, encontra na imagem seu mais valioso suporte: a pintura impressa, a qual acompanha também dizeres mercadológicos, guias de viagem, convites particulares, publicações didáticas, propaganda de entretenimentos, notícias gerais”, avalia a professora da FFLCH/USP, Madalena Hashimoto Cordaro, autora do texto de apresentação.
Ao mesmo tempo, o museu celebrará os gravuristas brasileiros numa exposição paralela, “Artes gráficas no Brasil: um ensaio”. "Temos uma longa tradição nas diferentes técnicas de gravura sobre madeira e sobre metal, água-forte, água-tinta, ponta-seca. Alguns gravadores tiveram premiações nacionais e internacionais. São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Salvador, Pernambuco e o Nordeste, de um modo geral, foram centros produtores de artistas voltados para a antiga e tradicional técnica da gravura", relata o diretor-curador do Museu Afro Brasil, Emanoel Araujo. "Esta mostra faz um 'link' entre a exposição das gravuras ukiyo-e do século 19 e a da gráfica de livros de arte Raízes”.
Nesse panorama, Araujo se refere a artistas como Oswaldo Goeldi, no Rio de Janeiro, Lívio Abramo, em São Paulo, Henrique Oswald, na Bahia, e Samico, em Pernambuco, além dos inúmeros ilustradores anônimos dos folhetos de cordel. "Isso prova a grande eficiência que a gravura teve como fato político popularizador da obra de arte", diz o curador, lembrando-se ainda dos Clubes da gravura, como o de Bagé, a Oficina de Olinda, a Escola de Belas-Artes da Bahia, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
"Gravadores tornaram-se célebres, a exemplo de Marcelo Grassmann (primeiro como xilogravador e depois como gravador em metal), Maria Bonomi, Anna Letycia, Fayga Ostrower, Isabel Pons, João Câmara, Samico, Rossini Perez, Poty, Odetto Guersoni, Maciej Babinski, Carlos Scliar e Glauco Rodrigues, para citar alguns dos artistas responsáveis pela alta qualidade da gravura brasileira e pelo prestígio mundial que ela alcançou”, afirma Araujo. “Talvez tenha sido a mais importante expressão artística que o Brasil produziu dos anos 60 a 80. Esse prestígio deu espaço à exposição organizada pelo diretor do Museu de Arte Contemporânea (MAC) de São Paulo, Walter Zanini, que se constituía numa forma de apresentar os jovens gravadores".
A transição de uma era em sua mais florida expressão

Madalena Hashimoto Cordaro
Docente da FFLCH/USP

As notórias “pinturas do mundo flutuante” (ukiyo-e 浮世絵) denominam diversas tópicas e procedimentos técnicos, num desenrolar temporal que compreende os primeiros experimentos em tinta sumi sobre papel relativamente branco até sua individuação colorística mais particular. Com efeito, as xilogravuras ukiyo-e podem ser compreendidas como pinturas produzidas através de matrizes nas quais se processam pigmentos mais ou menos raros que são transferidos para o papel por diferentes processos de fricção de mãos hábeis, especializadas em seu ofício.
A “pintura-brocado” (nishiki-e 錦絵), como se chamava a estampa multicolorida se estabelece pelos anos de 1750, na cidade de Edo 江戸 (atual Tóquio 東京), então sede do xogunato Tokugawa, e passa a servir um mercado editorial crescentemente ávido por novidades. A movimentação de palavra recitada (poema haiku 俳句 e senryû 川柳), registrada em caligrafias inesperadas (livros e libretos de diversos gêneros 草双紙), encenada (teatro kabuki 歌舞伎), encontra na imagem seu mais valioso suporte: a pintura impressa, a qual acompanha também dizeres mercadológicos, guias de viagem, convites particulares, publicações didáticas, propaganda de entretenimentos, notícias gerais.
Assim se compreende a avassaladora quantidade de estampas produzidas durante a égide do período Tokugawa (1603-1868): a serviço de uma editoria variada, mais ou menos sofisticada, mais ou menos valorizada conforme nuanças de público e cultivo estético. Quando estas estampas chegam ao Ocidente (entenda-se: França e Inglaterra principalmente), vêm com seu valor local de transmissão de conhecimento relativamente descartável, produzidas por pintores das cidades baixas, citadinos de pouca monta socialmente fadados à gangorra da sorte e do sucesso mercadológico.
Seu impacto e influência em obras dos artistas da Escola de Paris de fins do século XIX são notórios, em especial as dos gêneros mais palatáveis e acessíveis ao repertório europeu: vistas-famosas meisho-e 名所絵 (compreendidas como “paisagens”), figuras-bonitas de profissionais do amor bijinga 美人画 e de atores yakusha-e 役者絵 (compreendidas como “retratos”), flores-e-pássaros da estação fûgetsukachôga 風月花鳥画(aproximadas à “natureza-morta”?), usos-e-costumes fûzokuga 風俗画(associados à “pintura de gênero”). Mas, para além das tópicas, a impressão maior causada se encontra nos meios técnicos propriamente ditos: o aprimoramento da cor repetida em estampas airosas de papel artesanalmente produzido, resultado de extensa divisão de trabalho entre pintor, escritor, calígrafo, entalhador, impressor e editor. Desta feita, ao se analisar as estampas, notam-se efeitos e faturas idênticas em obras de diferentes pintores, que também trabalham em estreita colaboração na composição de imagens, como se vê em exemplo na presente exposição, de Kunichika e Hiroshige II.
Compreendem os teóricos japoneses que a expressão pictórica ukiyo-e que não é xilografada segue a tradição dos modos da família Tosa 土佐派, tradicional, que deságua na atual Nihonga 日本画, “pintura japonesa”, uma produção que está sendo crescentemente conhecida, e que se aproxima às estampas apresentadas na presente mostra. É digno de nota, também, que xilogravuras que imitam as aguadas de sumi não são muito difundidas, embora atraentes.
A coleção de estampas aqui apresentada segue uma coerência notável já à primeira vista: são multicoloridos os ambiciosos trípticos, sofisticados em suas alusões literárias e teatrais, em especial ao personagem emblemático Hikaru Genji 光源氏, protagonista das Narrativas de Genji 源氏物語, cuja elegância e cultivo do amor se mesclam de lírica apreciação à lua, às flores de cerejeira, aos pirilampos do verão, aos estabelecimentos das áreas de prazeres (kuruwa 廓) e sua burocracia de graduação das mulheres-entretenimentos (yûjo 遊女), imitando a corte clássica do período Heian 平安時代 (794-1185), a intrigas da presentificada corte xogunal. Tão apreciados foram os caminhos do amor kôshoku 好色, que retomam os da corte imperial de que Genji é mestre contumaz nos modos irogonomi 色好, e torna-se gênero de pinturas e estampas, “pinturas-de-Genji” (Genji-e 源氏絵), que tomam por objeto essa figura esguia, elegante, com o topo do cabelo raspado, um penteado típico do perído Edo, um praticante das artes da música, do arranjo floral, da poesia, da caligrafia, do jogo sugoroku, de passeios ao luar e ao amanhecer, do incenso, do tabaco, das folhas de bordo e das flores de cerejeira, do saquê e do sashimi.
São complexos também os trípticos na composição em perspectiva euclidiana, importada do Ocidente através da Holanda, e invariavelmente elegantes as figuras, mesmo em exibição de corpos nus qual flores de íris. Produzidos na década de 1860, justamente na transição do poder de samurais ao Imperador Meiji e seu séquito, os trípticos mostram uma harmonia plácida, posada apesar das torções kabukianas de torsos, de figuras sempre bonitas, de maravilhosos quimonos e adereços, representadas por Toyohara Kunichika 豊原国周 (1835-1900), com dezenove obras, Utagawa Kunisada 歌川国貞 (1823-80), sete obras, Utagawa Yoshitora 歌川芳虎 (ativo c. 1836-82), quatro obras, Utagawa Kuniaki 歌川国明 (1835-1880), quatro obras, Utagawa Yoshiiku 歌川芳幾 (1833-1904), três obras, e Fusutane 房種 (?-?), Tsukioka Yoshitoshi 月岡芳年 (1835-92) e Utagawa Hiroshige II 二代目歌川広重 (1826-69), duas obras.
Lá fora, nas nesgas de vistas que nos legam as figuras ocupadíssimas em seus afazeres poéticos ou musicais, divertimentos em interiores e exteriores, e fruições de raríssimas plantas em vasos chineses extraordinários, apenas se notam calmos rios de azul-da-prússia (ou da Bielo Rússia, como era conhecido no período), ou um pouco revoltos na caça às ostras abalones, com seus pigmentos alizarines também importados em gradações de velas ao longe, ou em labuta de pesca com redes em prontidão, ou em cascatas de iluminação religiosa e purificação do corpo. Somos obrigados a nos perguntar: onde se encontram os sinais da uma era que se encerra, de uma mudança radical na privação do poder a samurais e um retorno ao Imperador, com uma abertura sem parâmetro anterior, para o Ocidente, agora não mais apenas a Holanda?
Conhecendo a produção violenta de estampas de assassinatos, torturas, violências pessoais e políticas, animais assustadores e vorazes, fantasmas e monstros, turbilhões e vinganças, também do mesmo período, chama-nos a atenção, sem dúvida, “o luxo, a calma e a volúpia” desse universo ora apresentado. Em outras estampas dos mesmos pintores, em outras obras, de diferentes olhares, pode-se notar o mundo que então se esvaía, mas este, que ora apresenta o Museu Afro Brasil, em mais uma realização significativa, se eterniza, retomando o período de outro dos tempos do brilhante príncipe Hikaru Genji.

Abertura das exposições:
“A arte do Ukiyo-e – A tradição da gravura japonesa” 
“Artes gráficas no Brasil: um ensaio”
Lançamento dos catálogos “A nova mão afro-brasileira” e “Da Cartografia do Poder aos Itinerários do Saber”.
Abertura para o público: 16 de abril
Abertura para convidados: 15 de abril, às 19h

Museu Afro Brasil - Organização Social de Cultura
Av. Pedro Álvares Cabral, s/n
Parque Ibirapuera - Portão 10
São Paulo / SP - 04094 050
Fone: 55 11 3320-8900
Entrada gratuita
www.museuafrobrasil.org.br
O funcionamento do museu é de terça-feira a domingo, das 10 às 17hs,
Com permanência até às 18hs.
Na última quinta-feira de cada mês, o horário de funcionamento será estendido até às 21hs, para atendimento noturno ao público visitante.

Informações para a imprensa - Secretaria de Estado da Cultura
Natalia Inzinna – (11) 3339-8162 - ninzinna@sp.gov.br
Jamille Menezes – (11) 3339-8243 - jmferreira@sp.gov.b

quarta-feira, 9 de abril de 2014

LENORA DE BARROS @ PIVÔ

Acho que não haveria em São Paulo espaço melhor para a apresentação desta mostra. O PIVÔ é hoje a mais instigante e intrigante sala de exposições em São Paulo.
Um espaço mágico no Edifício Copan, o mítico prédio projetado por Oscar Niemeyer, que estava abandonado já há mais de vinte anos, que está sendo recuperado pelos curadores deste centro cultural a cada evento. A simples visita a este lugar já é um espetáculo em si, pois nos permite compartilhar as visões e soluções encontradas pelo arquiteto quando da criação deste marco arquitetônico.

Os trabalhos de Lenora de Barros apresentados nesta exibição são os recortes de textos, ensaios e reflexões publicados em sua coluna no finado Jornal da Tarde nos anos 90, além de dois videos e uma instalação sonora.

Os trabalhos impressos em jornal são até hoje atuais, vinte anos após sua criação, com temas que nos agradam a visão e nos fazem refletir. 

Sua poesia concreta em muito me agrada, pois além das mensagens carregam um apelo visual impactante, que possibilita inúmeras interpretações.



O Pulsar - Caetano Veloso

Abaixo da foto, tirada por mim, o release colhido no site da PIVÔ.





O Pivô abre, no dia 29 de março, a exposição “Umas e Outras”, individual de Lenora de Barros na qual a artista apresenta 65 colunas de jornal realizadas na década de 1990, além de dois vídeos inéditos em preto e branco – “Jogo de Damas” e “Em si as mesmas” – e uma intervenção sonora, intitulada “Duplicar Imagens”.
Entre 1993 e 1996, Lenora de Barros assinou uma coluna experimental, publicada aos sábados, no Jornal da Tarde, em São Paulo, sob o título de “… umas”. Nesse espaço nasceram obras e ideias que se transformariam em vídeos e foto-performances autônomos ao longo dos anos seguintes. Depois de mostrar 13 dessas colunas numa vitrine, na 11ª Bienal de Lyon, na França, em 2011, a artista decidiu agora emoldurar e expor um conjunto maior, extraído de seu arquivo pessoal.
Nas colunas, Lenora, entre outros experimentos, dialogou com trabalhos de diversos artistas. Posteriormente, fez um recorte dessas “conversas” envolvendo temas femininos ou obras de artistas como Lygia Clark, Yoko Ono, Cindy Sherman, Annette Messager e Méret Oppenheim. Essa seleção deu origem a um livro, intitulado “Jogo de Damas – Crítica de Arte – Livro Primeiro”. A publicação, ainda inédita, foi o ponto de partida para os dois vídeos exibidos, com direção de David Pacheco.
Em “Jogo de Damas”, o livro homônimo serve de roteiro de leitura para performances vocais realizadas por Lenora e foi concebido em formato de tríptico para projeção simultânea . “Em si as mesmas”, por sua vez, tem seu título pinçado de uma coluna na qual Lenora comenta uma fotografia de 1925, de autor desconhecido, de duas irmãs siamesas, as irmãs Hilton. Foi produzido para dupla projeção, em duas paredes opostas. Nele, Lenora joga damas consigo própria. Em uma tela, ela move as pedras brancas e na outra, as pretas, numa espécie de “jogo infinito, sem ganhador nem perdedor”, nas palavras da artista.
Lenora filmou os vídeos novos no espaço do Pivô e a exposição, que tem curadoria de Glória Ferreira e foi apresentada antes no Centro Cultural Laura Alvim no Rio de Janeiro, agora é apresentada no mesmo espaço em que foi produzida.
A exposição “Umas e Outras” de Lenora de Barros é realizada em parceria com a Galeria Millan.