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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Elza Soares, quem diria, a melhor novidade do ano




Elza Soares, aos 85 anos fez o melhor disco de música brasileira dos últimos anos.

Um disco completo de músicas que além de letras fortes e inteligentes, coisa rara hoje em dia no universo musical nacional, que nos apresentam arranjos empolgantes que fogem das soluções fáceis e preguiçosas da maioria dos lançamentos recentes, que se valem de acordes básicos e primários que se repetem quase à exaustão.

Que coragem dessa artista de vida cheia de tragédias pessoais, que as traz marcadas em seu rosto, em inovar, olhar para frente, conhecer e divulgar novos compositores, sem medo de críticas ou preconceitos.

Poderia no fim da vida se sustentar de shows ou regravações de seus inúmeros sucessos, fazer duetos com outros artistas, como muitos de seus amigos e contemporâneos tem feito. Mas não, se atira e prova que está viva, lúcida a ainda com muito gás, com a voz ainda muito potente que engrandece soberbamente esse belo repertório.

Abaixo a música que me deixou boquiaberto.




Compositor: Kiko Dinucci

Olho pro meu corpo, sinto a lava escorrer
Vejo o próprio fogo, não há força pra deter
Me derreto tonta, toda pele vai arder
O meu peito em chamas solta a fera pra correr

Olho pro meu corpo, sinto a lava escorrer
Vejo o próprio fogo, não há força pra deter
Me derreto tonta, toda pele vai arder
O meu peito em chamas solta a fera pra correr

Unhas cravadas em transe latejo
Roupas jogadas no chão
Pernas abertas, te prendo num beijo
Sufoco a sofreguidão

Meu temporal me transforma em loba
Presa, você vai gemer
Feito cordeiro entregue pra morte
Seu sussurrar a pedir

Pra fuder, pra fuder, pra fuder, pra fuder

Link: http://www.vagalume.com.br/elza-soares/pra-fuder.html#ixzz3vcRxr5DK

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

O MASP se moderniza voltando às origens

Hoje senti a emoção de ter voltado 40 anos no tempo.

Que alegria e conforto senti ao entrar no segundo andar do MASP, local reservado ao acervo permanente que tinha sido conspurcado pela administração anterior, que num laivo elitista e dispensável, quis amesquinhar o nosso museu que é em si uma linda obra de arte.

Já tinha escrito um comentário inconformado há 6 anos, um desabafo chamado A lógica do MASP, onde expunha minha indignação à nova solução apresentada pela diretoria então à frente do nosso museu.

Foi tão bonito observar a reação das pessoas embevecidas com o "novo" arranjo, pessoas que tinham conhecido o magnífico salão como hoje se apresenta, e também com jovens encantados em conhecer um museu luminoso sem ser iluminado artificialmente.

Nesta abertura percebi que a criteriosa escolha da curadoria, talvez pela falta de tempo, nos deixou com um gosto de quero mais, pois senti falta de várias maravilhas de seu acervo. Sinto que se adensarem um pouco os cavaletes, terão espaço para mais alguns tesouros.

Esse é, como sempre, um passeio imperdível.

Venha até São Paulo - Itamar Assunção



As imagens abaixo foram colhidas do meu post A lógica do MASP, que sinceramente, não lembro de onde as obtive. Acho que fui profético, pois todas elas estão na mostra.


















sábado, 31 de outubro de 2015

ISMAEL NERY – EM BUSCA DA ESSÊNCIA

Ismael Nery é um dos primeiros artista em que comecei a prestar atenção, suas figuras e formas, aliados ao jogo de luzes criaram uma estética que encanta e intriga.

Seu legado é atemporal, pois a força de seus traços transmitem todo o estado de  espírito de seus retratados, mostrando a ira, o enfado, o amor e a indiferença.

Uma magnífica seleção de obras de colecionadores de todo o país, com trabalhos das diversas fases do artista, mostrando a importância cada vez maior da curadora Denise Mattar no universo das artes plásticas brasileiras.

O evento nos brinda também com um magnífico catálogo que nos trás a história da vida e obra do artista.





Último retrato - Francis Hime


Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa do evento


















ISMAEL NERY – EM BUSCA DA ESSÊNCIA


Vísceras que podem revelar a alma, a cruz que não exclui o gozo, o corpo que procura a alma. A comunhão entre os paradoxos marca a obra de Ismael Nery (1900-1934), um dos artistas mais singulares da produção moderna brasileira, que terá sua obra revista na exposição ISMAEL NERY – EM BUSCA DA ESSÊNCIA, a partir de 28 de outubro, na galeria Almeida e Dale. Com curadoria de Denise Mattar, a mostra reúne 61 obras, entre pinturas, desenhos e aquarelas, além de uma seleção de poemas do artista. A exposição permance em cartaz até 12 de dezembro e é uma rara oportunidade de ver a obra de Ismael Nery, concentrada majoritariamente em coleções particulares. A mostra reúne obras de São Paulo, Fortaleza, Salvador e Rio de Janeiro e apresenta algumas obras até então INÉDITAS.

EM BUSCA DA ESSÊNCIA é a primeira individual do artista em 15 anos, desde a mostra ganhadora dos prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte - APCA e da Associação Brasileira dos Críticos de Arte - ABCA:  Ismael Nery 100 Anos - A Poética de um Mito, realizada no centenário de sua morte, no Centro Cultural do Banco do Brasil do Rio de Janeiro e no Museu de Arte Brasileira da FAAP, também com curadoria de Denise Mattar.

Obra

Nery nadou contra a corrente dos acadêmicos e dos modernistas: sua obra não buscou nem o social, nem o belo; não pregou uma ruptura drástica com o passado. Místico e católico quando a intelectualidade defendia o ateísmo, construiu um vocabulário plástico universal no mesmo momento em que seus pares mergulhavam de cabeça no nacionalismo.
Nery foi um enigma. Encarou a arte como o meio catalisador através do qual podia expressar suas ideias. A arte nunca foi considerada por ele um ofício, mas o território por meio do qual buscou pesar e conjugar seus paradoxos. Temente a Deus e hedonista, Nery foi um homem que contagiou a muitos que o conheceram com sua beleza, elegância, inteligência e carisma, mas que viveu, desenhou e pintou com sofrimento, oriundo das marcas deixadas pelas mortes do pai e do irmão e a loucura da mãe.

O tema único da obra de Nery é o ser humano. Um ser humano do qual foram retiradas, deliberadamente, todas as referências de tempo e de espaço. Um ser humano que se move na busca do eu e de sua fusão com o outro; que tenta se compreender olhando no reflexo do espelho, e que se assusta ao ver um rosto desconhecido. Nos seus retratos e autorretratos, Nery mostra o Eu divino e o Eu satânico, o Eu masculino e feminino, se funde com seu amigo, o poeta Murilo Mendes, e sua mulher, a poeta Adalgisa Nery, uma das grandes inspirações de sua obra, assim como sua trágica família.

A fusão é outro tema constante da sua obra. Corpos que se entrelaçam, entrecruzam, entredevoram, renascendo numa outra forma, sempre na esfera mítica.

O diagnóstico de tuberculose em 1930 foi o grande divisor da obra de Nery. O corpo que o torturava tornou-se o centro de sua investigação. A partir da descoberta da doença, seu mundo de sedução fora substituído pela presença da morte. Ao expor suas vísceras, Nery tentou fazer, de modo ainda mais radical, a reconexão com aquilo que está por trás (ou ao lado? Ou dentro? Não se sabe) da massa de órgãos, sangue e fluidos: tenta tangenciar a alma. Fragmentar o corpo doente pode ter sido também uma maneira de buscar religá-lo ao sublime.

É o período no qual mais escreve e realiza seus desenhos mais acres e narrativos: A história de Ismael Nery e a série Miserabilia.

Na obra pictórica de Ismael Nery, estimada em cerca de apenas cem óleos, o desenho ocupa um lugar fundamental. A liberdade da técnica adapta-se admiravelmente bem ao pensamento rápido do artista. Notadamente nos seus últimos trabalhos, o artista atinge uma mordacidade e uma sutileza, que o coloca como precursor dos artistas contemporâneos.

Vida

Nascido em 1900, em Belém do Pará, Nery mudou-se com a família para o Rio de Janeiro aos nove anos de idade. A chegada à antiga capital da República brasileira foi marcada por um acontecimento que determinou a vida de Nery: a morte de seu pai, o médico Ismael Nery (1876-1909), aos 33 anos, a idade de Cristo, o que tornou a perda ainda mais trágica para a católica família.

Aos 17 anos, Nery entrou para a Escola Nacional de Belas Artes (ENBA). Como estudante, era conhecido por sua excepcional habilidade no desenho, como por não se adaptar às regras do ensino.
Em 1918, por causa da Gripe Espanhola a ENBA interrompeu suas atividades. A epidemia vitimou João, o irmão caçula de Ismael.

A morte do filho levou a mãe de Ismael, Marieta Macieira Nery, às bordas da loucura. Dilacerada pelas duas perdas, passou a viver vestida de negro, usando o hábito da Ordem Terceira de São Francisco e utilizando o nome de Irmã Verônica. Sobre a mãe, Nery diria adiante: “Ela me construiu e me destruiu.”

Tempo depois da morte do irmão, Ismael viajou para Paris, onde frequentou a Academia Julian. Na Europa, o artista entrou em contato com o modernismo e a tradição artística do Velho Mundo.
Voltou para o Rio no final de 1921. Passou a trabalhar como desenhista da seção de Arquitetura do Patrimônio Nacional, onde conheceu o poeta Murilo Mendes (1901-1975), iniciando uma amizade que duraria até sua morte e marcaria a obra e a vida de ambos. Após a morte do artista, Murilo tornou-se o principal preservador e divulgador de seu legado.

Em 1922, Ismael casou-se com Adalgisa (1905-1980), com quem formaria um dos casais paradigmáticos do Modernismo brasileiro. A beleza incomum da futura poeta, que tinha então dezesseis anos, tornou-se um de seus temas favoritos.

Em 1927, Ismael Nery retornou à Europa, acompanhado de Adalgisa e do filho Ivan. Conheceu Chagall, um de seus grandes interlocutores, ao qual dedicou uma série de aquarelas conhecidas como conhecida como Chagallianas.

O artista foi um dos destaques do Salão de 1931 no Rio de Janeiro, que marcou a segunda fase do modernismo brasileiro. Neste ano, Nery descobriu que sofria de tuberculose.
A doença fez com que sua produção pictórica diminua até sua morte, em 6 abril de 1934, aos 33 anos, como o pai, conforme preconizou em 1909, encerrando uma história familiar trágica e uma das produções mais singulares do modernismo brasileiro.

Legado

A sua obra ocupa uma posição singular na história da arte brasileira.
Nas palavras do poeta Murilo Mendes, seu grande amigo, Nery foi sempre “ismaelíssimo”, que, em 1948, publicou n’O Estado de S. Paulo a série de artigos Recordações de Ismael Nery.

Viúva do artista, a poeta Adalgisa Nery publicou, em 1959, a autobiografia A Imaginária, na qual a trágica relação familiar de Nery é um dos temas em destaque.

A sua primeira retrospectiva foi realizada somente 32 anos após sua morte, em 1966. O impacto no mercado de arte, porém, foi imediato. Nos anos 1970, as telas do artista já alcançavam um preço excepcional.

Em 1973, Antônio Bento publicou o livro Ismael Nery, fazendo no seu texto O pintor maldito uma análise crítica da obra do artista. Em 1984, Aracy Amaral apresentou no Museu de Arte Contemporânea da USP, do qual era diretora, uma grande exposição e ao mesmo tempo, publicou Ismael Nery – 50 anos depois.

Em 2004, Denise Mattar publicou o livro Ismael Nery. Com 324 páginas o livro faz um extenso levantamento da obra do artista.

Ismael Nery – Em busca da essência
Abertura: 28 de outubro, a partir das 19h
Período da exposição: 29 de outubro (quinta-feira) a 12 de dezembro
Galeria Almeida e Dale
R. Caconde, 152 - Jardim Paulista, São Paulo - SP
Tel.: 11 3887-7130
De segunda a sexta, das 10h às 18h; sábados das 10h às 14h

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Frida Kahlo - conexões entre mulheres surrealistas no México

São Paulo tem sido brindada no último ano com magníficas exposições, das quias essa com certeza se destacará.

Parece ser tendência agora os curadores montarem suas mostras com obras de artistas correlatos aos principais, pela sua contemporaneidade, semelhança de estilo ou mesmo relação próxima entre eles, vide "Picasso e a modernidade espanhola", "Kandisk - Tudo começa num ponto" e essa mesma que nos trazem uma perfeita simbiose.

Este evento nos apresenta um belo panorama do trabalho de Frida, com algumas de suas telas icônicas, bem como magníficos trabalhos de suas parceiras.

Cada dia mais o Instituto Tomie Ohtake vem se firmando como uns dos principais centros culturais do país, ajudando São Paulo a se manter como a capital cultural da América Latina. Suas exposições tem tido visitações recordes e imagino que neste ano mais de dois milhões de pessoas  passarão por suas instalações.



Burn It Blue - Caetano Veloso; Lila Downs
Da trilha sonora do filme Frida


Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria do Instituto Tomie Ohtake


Frida Kahlo, Diego en mi pensamiento, 1943, Oil on masonite, 76 x 61 cm, ©2015 Banco de México Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust. Photo, Gerardo Suter

Frida Kahlo, El abrazo de amor del Universo, la Tierra, México, Diego, yo y el señor Xólotl, 1949, Óleo sobre Masonite, ©2015 Banco de México Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust.

Frida Kahlo, Frida y el aborto, 1932, Litografía, 31,7 x 23,5 cm, ©2015 Banco de México Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust. Photo, Gerardo Suter

Frida Kahlo, Retrato de Diego Rivera, 1937, Oil on Masonite, 46 x 32 cm, ©2015 Banco de México Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust. Photo, Gerardo Suter

Frida Kahlo autorretrato con monos 1943_óleo sobre tela Courtesy the Guelman Collection_©2015 Banco de México Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust

Frida Kahlo autorretrato con vestido rojo y dorado 1941 óleo sobre tela courtesy of the Gelman Collection©2015 Banco de México Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust

Leonora Carrington Three Women with Crows 1951_óleo sobre tela 52X30 Private Collection_© Carrigton, Leonora - AUTVIS, Brasil, 2015

Lucienne Bloch Frida Kahlo en el hotel Barbizon Plaza 1931 Gelatin Silver Print 29.2X19cm-Courtesy the Gelman Collection
Marjorie Cameron Sem título (Mystial Landscape with Spirits) 8.3X20.3cm Cameron Parsons Foudation , Santa Monica, Ca Courtesy Nicole Klagsburn Galleryn New Yorkn NY - Cam-046

Nickolas Muray Frida Kahlo en una banca #5 Carbro print 45.5X36cm Courtesy the Gelman Collection, © Nickolas Muray Photo Archives

Nikolas Muray Frida Kahlo en vestido azul 1939 Carbro print, Ed. 2de30 Courtesy the Gelman Collection, © Nickolas Muray Photo Archives

Remedios Varo Roulotte 1955 oil on masonite 78X60cm Collection of The Museum of Modern Art of México © Varo, Remédios - AUTVIS, Brasil, 2015
Traje composto de Tehuana (Tehuana Attire) ©Coleção Collection of Comisión Nacional para el Desarrollo de los Pueblos Indígenas (CDI) Foto Francisco Kochen

Alice Rahon Balada por Frida Kahlo,1956-66 óleo sobre tela 120X178cm ©Alice Rahon State Collection Museo de Arte Moderno, México
Alice Rahon El Juglar, From the Orion's Ballet Series 1946 tinta branca em cartolina 33X25.1cm ©Alice Rahon State Courtesy of Oscar Roman Gallery


INSTITUTO TOMIE OHTAKE

APRESENTA

Frida Kahlo - conexões entre mulheres surrealistas no México

Abertura 26 de setembro (convidados) das 11h às 18h
Visitação de 27 de setembro de 2015 a 10 de janeiro de 2016


Com curadoria da pesquisadora Teresa Arcq, Frida Kahlo: conexões entre mulheres surrealistas no México, com cerca de 100 obras de 16 artistas, revela a forma como uma intricada rede, com inúmeras personagens, se formou tendo como eixo a figura de Frida Kahlo (06 de julho de 1907, Coyoacán, México - 13 de julho de 1954, Coyoacán, México).O recorte focaliza especialmente artistas mulheres nascidas ou radicadas no México, protagonistas, ao lado de Kahlo, de potentes produções, como Maria Izquierdo, Remedios Varo e Leonora Carrington.

Durante toda a sua vida, Frida Kahlo pintou apenas 143 telas. Nesta exposição, num caso raro e inédito no Brasil, estão reunidas 20 delas, além de 13 obras sobre papel - nove desenhos, duas colagens e duas litografias -, proporcionando ao público brasileiro amplo panorama de seu pensamento plástico. A sua presença vigorosa perpassa ainda a exposição pelas obras de outras artistas participantes, que retrataram a sua figura icônica. Por meio da fotografia, destacam-se os trabalhos de Lola Álvarez Bravo, Lucienne Bloch e Kati Horna. Imagens de Frida estão impregnadas ainda nas lentes de Nickolas Muray, Bernard Silberstein, Hector Garcia, Martim Munkácsi e em uma litografia de Diego Rivera, Nu (Frida Kahlo), 1930.

Entre as mulheres artistas mexicanas vinculadas ao surrealismo surpreende a abundância de autorretratos e retratos simbólicos. Entre as 20 pinturas de Frida na exposição, seis são autorretratos. Há ainda mais duas de suas telas que trazem a sua presença, como em El abrazo de amor del Universo, la terra (México). Diego, yo y el senõr Xóloti, 1933, e Diego em mi Pensamiento, 1943, além de uma litografia, Frida y el aborto, 1932.Conforme destaca Teresa Arqc, os autorretratos e os retratos simbólicos marcam uma provocativa ruptura que separa o âmbito do público do estritamente privado. Segundo a curadora, impressiona constatar como estas artistas subvertem o cânone para realizar uma exploração de sua psique carregada de símbolos e mitos pessoais. "Em alguns de seus autorretratos Frida Kahlo, Maria Izquierdo e Rosa Rolanda elegeram cuidadosamente a identificação com o passado pré-hispânico e as culturas indígenas do México, utilizando ornamentos e acessórios que remetem a mulheres poderosas, como deusas ou tehuanas, apropriando-se das identidades destas matriarcas amazonas", afirma.

A confluência dos grupos de exiladas europeias, como a inglesa Leonora Carrington, a francesa Alice Rahon, a espanhola Remedios Varo e a fotógrafa húngara Kati Horna, e das artistas que vieram dos Estados Unidos, como Bridget Tichenor e Rosa Rolanda, permanecendo no México o resto de suas vidas, além de outras visitantes vinculadas ao surrealismo, atraídas pelas culturas ancestrais mexicanas, como as francesas Jacqueline Lamba e Bona de Mandiargues, a suíça Sonja Sekula e as norte-americanas Marjorie Cameron e Sylvia Fein -, favoreceu uma atmosfera criativa intelectual e uma completa rede de relações e influências com Kahlo e demais artistas mexicanas. "A multiplicidade cultural, rica em mitos, rituais e uma diversidades de sistemas e crenças espirituais influenciaram na transformação de suas criações. A estratégia surrealista da máscara e da fantasia, que no México forma parte dos rituais cotidianos em torno da vida, a morte no âmbito do sagrado, funcionava também como um recurso para abordar o tema da identidade e de gênero", completa Arcq.

Conforme aponta Paulo Miyada, curador do Instituto Tomie Ohtake, entre pinturas, esculturas e fotografias – além de documentos, registros fotográficos, catálogos e reportagens – a mostra permite confrontar uma face desafiadora do surrealismo. Para Miyada, intensidade, dramaticidade e subjetividade das obras dessas artistas tornam este conjunto inquietante até para aqueles mais familiarizados com o movimento, que originalmente surgiu na França na década de 1920, tendo como maior predicado a tentativa de escapar do império do realismo e da racionalidade, acenando para o inconsciente, o acaso e o onírico. "Na produção das artistas conectadas ao surrealismo que passaram pelo México, os tópicos já consagrados na discussão do surrealismo se multiplicam e extravasam muitas fronteiras, o que se reflete em imagens pungentes e inesquecíveis por suas cores e traços impositivos, pelos elementos da cultura nativa mexicana, pelos gestos confrontadores e pelo desprezo por qualquer convenção do que seja o bom gosto burguês tradicional", completa.

A mostra, uma realização do Instituto Tomie Ohtake, contou com os patrocínios do Bradesco e do IRB Brasil RE, do copatrocínio do SESI e dos apoios do Aché, Akzo Nobel, Arezzo, Calvin Klein, Recovery e Tozzini. Para a sua organização, foram inestimáveis as colaborações do SRE – Secretaria de Relaciones Exteriores do México, da Embaixada do México no Brasil, do INBA – Instituto Nacional de Bellas Artes, do CONACULTA – Consejo Nacional para la Cultura y las Artes e do CPTM - Conselho de Promoção Turística do México.



Teresa Arcq

Teresa Arcq, historiadora de arte, Mestre em Museologia e Gestão em Arte e em Arte Cinematográfica pela Universidade de Casa Lamm na Cidade do México, trabalhou como curadora chefe do Museu de Arte Moderna da Cidade do México entre 2003 e 2006. Foi co-curadora da exposição A Arte de Mark Rothko - Coleção da The National Gallery of Art, e de várias exposições do acervo permanente, destacando-se a de Remedios Varo. A partir de 2007, como curadora independente produziu para o Museu de Arte Moderna da Cidade do México Remedios Varo - Cinco Chaves, uma retrospectiva em comemoração ao centenário do nascimento da artista inspirada em seu livro homólogo; e Alice Rahon - Uma surrealista no México, que também foi apresentada no El Cubo, em Tijuana. Arcq é Professora de História da Arte no Centro de Cultura Casa Lamm. Publicou vários ensaios e faz palestras sobre arte moderna mexicana, movimento avant-garde europeu e mulheres surrealistas no México, Estados Unidos, Europa e Ásia.




FRIDA KAHLO (Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón)
1907, Coyoacán, México – 1954, Coyoacán, México

            Frida Kahlo é a artista mexicana de maior reconhecimento internacional. Seu legado artístico constitui uma narrativa pictórica autobiográfica em que explora o seu corpo e sua realidade interior através de autorretratos e obras impregnadas de significação. Produziu 143 pinturas ao longo de sua vida, das quais 55 são autorretratos. Aos dezoito anos sofreu um terrível acidente de bonde que mudou o rumo de sua vocação, que tendia à medicina, e fez com que ela começasse a pintar. Na adolescência frequentou um grupo de jovens intelectuais “Los cachuchas” interessados nas vanguardas europeia e essa influência marcou suas primeiras pinturas. Em 1929 casou-se com o famoso muralista Diego Rivera que despertou o seu interesse pela arte popular mexicana e as culturas pré-hispânicas que incorporou em suas pinturas. Durante uma estadia em Detroit, acompanhando o marido, Frida experimentou técnicas surrealistas e produziu primorosas imagens de cadáveres em colaboração com a artista norte-americana Lucienne Bloch. Em 1938, recebeu, no México, os artistas Jacqueline Lamba e André Breton, que se maravilhou com as suas pinturas considerando-as manifestações surrealistas. Nesse mesmo ano teve a sua primeira exposição individual na Julien Levy Gallery em Nova Iorque. As pinturas apresentadas foram posteriormente levadas a Paris para a exposição Mexique organizada por Breton na galeria Renou & Colle, que incluiu objetos de arte popular e fotografias de Manuel Álvarez Bravo. Em Paris, Frida conheceu o grupo de surrealistas que se exilou no México: Alice Rahon e Wolfgang Paalen, Leonora Carrington, Remedios Varo e Benjamin Péret entre outros. Em 1940, após o seu divórcio de Rivera, pintou duas grandes telas para a Exposição Internacional de Surrealismo na cidade do México. Em 1953, um ano antes de sua morte, teve a sua primeira exposição individual no México, na Galeria de Arte Contemporânea de Lola Álvarez Bravo.


Frida Kahlo – conexões entre mulheres surrealistas no México
Inauguração: 26 de setembro, das 11h às 18h para convidados
Visitação de 27 de setembro de 2015 a 10 de janeiro de 2016
De terça a domingo, das 11h às 20h
R$10,00 e R$5,00 (até 10 anos grátis); às terças grátis; compra de ingressos: ingresse.com, aplicativo do Instituto Tomie Ohtake, ou na bilheteria do Instituto de terça a domingo, das 10h às 19h. Vendas a partir do dia 01 de setembro de 2015.

Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropés 88) - Pinheiros SP
Metrô mais próximo - Estação Faria Lima/Linha 4 - amarela
De terça a domingo, das 11h às 20h

Informações à Imprensa
Pool de Comunicação – Marcy Junqueira
Atendimento: Martim Pelisson e Luana Ferrari
Fone: 11 3032 1599

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Kandinsky - Tudo Começa Num Ponto

Esta á a segunda exposição seguida apresentada pelo CCBB que usa como atrativo o nome de um grande artista para mostrar obras de seus pares, contemporâneos ou que influenciaram ou foram influenciados por eles, vide Picasso e a modernidade espanhola.

A mostra nos traz obras de várias fases do trabalho do artista, desde o figurativismo até seu auge no abstracionismo.

É muito interessante apreciar as trabalhos dos outros artista presentes, de uma beleza e força raras vezes vistas no país e que chegam a ser até mais interessantes que as do homenageado.

Um belo passeio que com a solução encontrada pelo agendamento de horários para a visita, torna-se divertido e nada cansativo. 
 Suite für Klavier op. 25 -  Gigue- Rasch (Schoenberg)

Imagens fornecidas pela assessoria de imprensa do evento.